FILME: Um homem de família

Filme mostra a importância das escolhas e suas consequências

Jack Campbell (Nicolas Cage) é um investidor da bolsa de valores com muito sucesso profissional e financeiro. Parece ter a vida perfeita para seus padrões: o melhor que o dinheiro pode comprar, belíssimas mulheres, admiração profissional. Na juventude, teve que fazer uma escolha: ficar nos Estados Unidos e se casar com Kate (Téa Leoni), sua namorada dos tempos de faculdade, ou ir para Londres estudar para investir em sua carreira. Quis a segunda opção. Seu dia a dia de alto executivo e morador de um luxuoso bairro de Nova Iorque parece ser o que sempre desejou.

Em uma noite aparentemente comum, próxima ao Natal, Jack resolve, como bom nova-iorquino, ir para casa a pé para caminhar um pouco. Entra em uma loja de conveniência e enfrenta uma situação difícil: uma discussão em que um homem aponta um revólver para o balconista. O executivo, como sempre foi muito senhor de si, tenta contornar a situação – mas não sabe que o homem com a arma na mão (o sempre ótimo Don Cheadle) é algo bem além do que aparenta ser.

No dia seguinte, Jack acorda e tem a maior surpresa de sua vida. Simplesmente desperta em uma casa do distante subúrbio de Nova Jérsei, casado com Kate e com dois filhos. Ficou louco? Está apenas sonhando? Realidade ou delírio, seus dias passam a ser o de pai, marido e suburbano, tendo que se acostumar a uma vida de classe média com suas habituais limitações, mas em uma família em que o carinho nunca faltou. Aos poucos, percebe que a vida está lhe dando uma chance de experimentar como as coisas teriam sido se escolhesse ficar com Kate anos antes.

Jack, aos poucos, aprende a conhecer seus “filhos”: o bebê Josh e a pequena e esperta Annie (responsável por algumas das melhores cenas do filme), além do grande e fiel amigo Arnie, um homem comum com sábios conselhos. O outrora grande executivo de Wall Street passa a questionar se realmente tinha tudo o que queria, como pensava antes. Até mesmo a cadela de estimação da família desperta no protagonista um lado seu até então desconhecido.

“Um Homem de Família”, dirigido por Brett Ratner (“Dragão Vermelho”, “A Hora do Rush”), é um filme que bebeu de várias fontes. Foi francamente baseado em um dos melhores filmes natalinos de todos os tempos, “A Felicidade Não se Compra” (foto ao lado), de Frank Capra, de 1946. Protagonizado por James Stewart, a antiga produção conta a história de George, um honesto empresário que, falido, pensa em se matar, mas um anjo o impede e lhe mostra como seria a vida de sua querida cidade caso ele não existisse. Clarence, o anjo, mostra o quanto a vida de George é valiosa, algo que ele mesmo não percebia. Outra referência que o filme de Ratner usa é uma das histórias mais conhecidas no mundo, “Um Conto de Natal”, do inglês Charles Dickens, em que um homem profundamente frio e avarento é visitado na noite de véspera de Natal por seres que lhe mostram seu passado, seu presente e o que o futuro lhe reserva se continuar a ter a vida desprezível que leva.

A história é uma grande lição sobre as escolhas e os sonhos que temos na vida e suas consequências, uma amostra de que nem sempre “os fins justificam os meios”.

“Um Homem de Família” (The Family Man, Estados Unidos, 2000) está disponível em DVD e Blu-Ray em locadoras e lojas de todo o Brasil. Em Portugal, o filme foi lançado com o título “Dois Destinos”.

Por Marcelo Cypriano / Fotos: Divulgação
marcelocypriano@arcauniversal.com

Veja o trailer do filme: