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Os três pinheiros

Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve



Era uma vez três pinheiros plantados numa vasta floresta no reino da Swazilândia, Sul da África. Cada um deles tinha um sonho.
O primeiro, muito ambicioso, sonhava ser rico, o mais rico de todos os pinheiros. Queria ser, no futuro, um grande baú, adornado por pedras preciosas, onde o rei guardasse o que de mais valioso possuísse. Já podia se ver como centro das atenções, na sala mais luxuosa do palácio, aberto apenas em ocasiões especiais e para convidados ilustres.
E então, neste instante em que fosse aberto, veria o olhar de admiração daqueles que tivessem tido a honra de contemplá-lo. Era a glória que ele mais queria na vida.
O segundo pinheiro, que só pensava em si mesmo, queria aproveitar a vida e viajar pelo mundo. Seu sonho era se tornar uma caravela, que os ventos empurrassem pelos mares da vida.
 Imaginava-se aportando nas belas ilhas do Caribe ou nos luxuosos portos da Europa, recebendo a brisa fresca do Pacífico e sendo beijado pelas águas frias do Índico. Queria ter da vida o que ela de melhor pudesse lhe oferecer.
O terceiro pinheiro era bem diferente dos outros dois. Não era tão alto quanto o primeiro e nem tinha um tronco tão forte quanto o segundo. Seu sonho era ser útil de alguma forma e poder ajudar quem dele precisasse.
Achava que não havia maior riqueza do que servir, e para ter o melhor que a vida pudesse oferecer, devia amar e se dedicar ao próximo. Assim tinha certeza que encontraria a paz e a felicidade.
 É claro que os outros dois pinheiros o consideravam estúpido e ingênuo. Eles o desprezavam, e embora tivessem sido plantados próximos uns dos outros, mantinham-no fora das conversas.
 O tempo foi passando e os três pinheiros crescendo. Um dia apareceu na floresta um oficial do rei, com a missão de escolher o pinheiro ideal para construir um baú onde o rei pudesse guardar seu tesouro.
Quando o primeiro pinheiro ouviu isso, entendeu que sua chance havia chegado. Esticou o máximo que pôde seus galhos e estufou seu tronco. Era mesmo muito lindo. Quando o homem o viu, ficou impressionado e o comprou. E lá se foi o primeiro pinheiro se tornar o guardião do tesouro do rei.
Não muito depois, outro comprador visitou a floresta. Era um capitão que procurava madeira para construir uma caravela. O segundo pinheiro tinha agora a chance que esperava. Envergou-se o quanto pôde, para um lado e para o outro, mostrando grande elasticidade em suas fibras, para se adaptar à forma do casco do navio.
Não precisou de mais nada. O marinheiro o comprou. Lá se foi o segundo pinheiro para se transformar em caravela, o que era seu sonho.
 Assim vieram compradores de todas as partes do mundo para escolher a madeira que melhor se adaptasse aos seus negócios. Uma a uma, as árvores se foram, e daquela imensa floresta que cobria as montanhas como um tapete, restou apenas o terceiro pinheiro. O único que não foi escolhido, porque achavam que não servia para os negócios deste mundo.

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Até que um dia, um carpinteiro veio à procura de madeira. Queria uma bem simples, sem nada de especial, pois o que pretendia fazer com ela não era uma suntuosa arca de tesouro, tampouco uma caravela.
 Assim, o terceiro pinheiro foi levado embora da floresta, onde foi iniciado um processo de reflorestamento.
O primeiro pinheiro se transformou numa linda arca, entalhada com o brasão real. Ficava no centro da sala mais bela do palácio. Até que um dia o palácio foi invadido por inimigos, que mataram o rei e lhe saquearam o tesouro. Como a arca era muito grande e pesada, tiraram tudo o que havia nela e puseram fogo no palácio. O pobre pinheiro morreu queimado nas chamas do incêndio, sozinho e vazio.
O segundo pinheiro, quando viajava pelos mares gelados do Norte, foi açoitado pelos ventos e lançado violentamente contra as rochas de uma ilha, vindo a se despedaçar. Dessa forma morreu afogado, sendo sepultado no fundo do mar.
 O terceiro pinheiro, cujo sonho era servir, foi transformado pelas mãos do carpinteiro numa cruz, a qual um dia foi colocada sobre as costas ensangüentadas do Senhor Jesus Cristo.
 Ali, ajudou o Senhor a cumprir o maior serviço que um servo jamais cumpriu: dar a Sua própria vida para salvar Seus irmãos.
Seu desejo de servir fez dele o mais precioso tesouro de madeira da humanidade: a cruz de Jesus. E ainda o levou a viajar por todas as partes do mundo, carregado por aqueles que sabem que a verdadeira riqueza é servir, e obedecem à ordem:
 "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me." Lucas 9.23
Pesa-me no coração, ao escrever esta história, a lembrança de alguns colegas, missionários como eu, que se deixaram levar, para se tornarem baús de dinheiro ou para serem senhores de si mesmos, nos ventos dos sentimentos e pensamentos da carne.
Nosso Deus e Pai possui todas as coisas e a tudo conhece. No entanto, escolheu servir como Seu grande tesouro. Disse Jesus:
"Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve." Lucas 22.26
Penso que Ele Se baseava no próprio Deus quando proferiu estas palavras. Ele é o maior, mas também o que mais serve!
Todos os seres neste mundo, e se outros houver fora dele, foram criados e são sustentados por Ele. Sem Ele, nada do que existe teria surgido. Por isso, a Ele toda a glória, para sempre. Amém!

Por Marcelo Crivella
redacao@arcauniversal.com

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