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“Será que puxo o gatilho?”

O que eu faço? Quero minha mãe... Por que eu não disse a ela tudo o que estava acontecendo? Por que tive medo naquele dia? Alguém iria me ajudar... Ela iria me ajudar. Eu não quero mais ficar aqui, não quero mais essa vida.

Descendo as escadas, vejo muitos mortos, muito sangue pela calçada. Meninas que faziam programas junto comigo estavam mortas, pedaços de corpos por todo lado...Uma chacina.

Sentei-me no batente de um bar, ou do que sobrou dele, coloquei meu rosto junto aos meus joelhos e chorei, chorei de medo, chorei de saudade, chorei por causa
da depressão.

Uma voz dizia dentro da minha cabeça para eu me matar. Tinha uma 12 milímetros com três balas no pente; a voz começou a gritar na minha cabeça para eu me matar e eu peguei a arma.

Eu não queria me matar, queria viver, queria ser feliz, mas como pode uma pessoa como eu ser feliz? Não tem mais solução, eu fui abusada quando pequena, minha mãe morreu com câncer, meu pai de tanto beber... Tenho uma "coisa" que saiu de dentro de mim e que eu odeio muito, não tenho família, não tenho ninguém. Como pode existir Deus? Se Ele existisse, não deixaria eu passar por tudo isso.

Fiquei com a arma na mão por alguns minutos, coçava minha cabeça com o cano dela e tinha uma sensação de bem-estar toda vez que pensava em puxar o gatilho...

Comecei a ver monstros novamente vindo ao meu encontro; pareciam homens de preto ou vultos, não sei. Davam medo, eram feios e o cheiro era horroroso; não era o cheiro de sangue das pessoas mortas, mas um cheiro podre. Comecei a sentir calor, estava tudo muito quente. Os monstros estavam me chamando, queriam me puxar pela mão, eu estava ficando louca. O que eu faço agora? Puxo o gatilho?

23ª de um total de 28 crônicas.

Continua na próxima edição.

A história é fictícia e baseada em fatos do cotidiano.

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