Até quando o coração fará vítimas?
Aquela jovem chegou à Igreja cheia de vícios, traumas e complexos. Libertou-se, e pouco a pouco viu seu interior sendo transformado. Aquele vazio que sentia na alma já não existia mais. Finalmente conquistara a paz que tanto buscava. Agora, dentro dela ardia o desejo de falar de Jesus para outras pessoas.
Começou a evangelizar e a colaborar cada vez mais na Obra de Deus - na limpeza da igreja, nas atividades do grupo jovem. Sua vontade era servir, sem se importar como e nem onde. Estava sempre pronta para dizer "Eis-me aqui!", tamanha era a sua gratidão por ter achado a alegria e a paz que tanto buscou.
É levantada a obreira. Que alegria! Como era gratificante poder ser um instrumento nas mãos de Deus. Sabia que não tinha nenhuma condição, mas cria que Deus a capacitaria, pois Ele sempre capacita seus escolhidos.
Agora, ela tinha a autoridade para ajudar as almas aflitas. Unção dada pelo próprio Deus para, em nome do Senhor Jesus, libertar, curar e orientar aqueles que estavam perdidos, como ela um dia esteve.
Seus olhos estavam fixos no Alto. Nada era mais importante do que agradar e servir a esse Deus Maravilhoso que mudara a vida dela.
Claro que ela desejava ver a família transformada, e lutava por isso. Mas não se preocupava, porque sabia que Deus iria cumprir o que prometeu.
Solteira, almejava se casar com um homem de Deus para poder servi-Lo e glorificá-Lo ainda mais. Mas isso também não a preocupava, tamanha era a sua confiança em Deus. Tinha certeza que o Espírito Santo também cuidaria da sua vida sentimental.
O tempo passou.
Ela já não era mais aquela obreira que Deus tanto usara. Algo tinha mudado dentro dela. O descuido com a vida espiritual a fez esfriar na fé, e a certeza que outrora tinha de que Deus supriria suas necessidades, deu lugar à ansiedade.
Estava havia anos servindo a Deus, como obreira, e "ainda" não tinha sido abençoada na vida sentimental. Ano após ano via suas companheiras de Obra sendo abençoadas e ela ficando para trás.
"Será que Deus não está vendo a minha necessidade?" Pensava.
Até que em certo dia conheceu um rapaz. Aparentemente tinha 'tudo' que a agradava. Simpático, bonito, trabalhador e estava interessado por ela. Já havia até se declarado. Só tinha um problema: não era convertido.
Conheceram-se na faculdade e pouco a pouco foram se aproximando. A princípio ela relutou, pois sabia que não era prudente seguir a voz do coração, que já estava completamente inclinado a se entregar àquela paixão.
Constantemente vinha à sua mente as pregações e orientações que ouvia na Igreja com respeito à vida sentimental. Da importância de vigiar para não cair nas armadilhas do diabo. Dos exemplos que já havia visto de mulheres de Deus que, por seguirem aos impulsos do coração, haviam saído da presença de Deus e hoje estavam sofrendo e sem forças para voltar. Cheias de vergonha e dor por não terem dado ouvido à voz de Deus.
"Mas comigo pode ser diferente", pensava. "Não é porque aconteceu com elas que vai acontecer comigo também. Ele não tem vícios, é carinhoso, não tem nada contra a Igreja - não será difícil levá-lo. Logo ele se converte", argumentava consigo mesma.
"Eu já estou com 27 anos, não posso ficar esperando, quem me garante que irá aparecer uma pessoa convertida que se interesse por mim e ainda com essa idade? Daqui a pouco, vou completar 30 anos e aí é que vai ficar mais difícil ainda."
Esses são os pensamentos soprados pelo diabo a fim de levar pessoas incautas a se entregarem a uma paixão e assim perder aquilo que têm de mais precioso: a Salvação.
Até que, finalmente, ela troca seu direito de primogenitura por um prato de lentilha.
Aquele uniforme que um dia representou para ela a oportunidade de ser usada por Deus, de ser um instrumento em Suas mãos, e que conquistou com tantas lágrimas e foi motivo de tanta alegria, já não representava mais nada para ela. Ou melhor, representava sim: um fardo.
Agora estava livre para seguir o coração.
O final dessa história você já conhece.
A vida sentimental tem sido o principal motivo pelo qual homens e mulheres de Deus têm se perdido. Não abandonam apenas a Obra, mas toda uma vida com Deus. Viram as costas para Ele como se nunca O tivessem conhecido ou tido uma experiência com Ele.
Lamentavelmente, essa história se repete frequentemente dentro da Igreja do Senhor Jesus. Mudam apenas os protagonistas, mas o vilão é sempre o mesmo.
O diabo? Não.
O coração. Sim, ele. Que é o centro da vontade humana.
Enquanto houver quem o alimente e o satisfaça, ele continuará fazendo suas vítimas.
"Enganoso é o coração, mais do que todas as cousas, e desesperadamente corrupto, que o conhecerá"? Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isso para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.” (Jeremias 17:9-10)
Assista, no vídeo abaixo, a simulação de uma ex-obreira que caiu por causa da vida sentimental:
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