Lá na igreja, o pastor fala, fala, fala... Meu pensamento está na dança, porque hoje é domingo e tem matinê; às 2h da tarde em ponto estarei lá. Tem uma hora que o pastor está dizendo para quem quiser entregar à vida a Deus ir até a frente do Altar. Bom, minha vida já está nas mãos de Deus desde pequena, eu nasci na igreja, Ele sabe que sou dEle. Não faço nada de errado, não fumo, não bebo... Às vezes eu namoro escondido, bem, não é muito um namorado, mas, sim, um “ficante”.
É assim que a gente chama – “ficante” –, é uma forma de a gente namorar sem ter compromisso nenhum. A gente se beija, fica junto naquela noite e depois cada um para o seu canto. Minha mãe, claro, nem sonha com isso, ela pensa que sou uma menina muito boazinha. Até as pessoas da igreja pensam isso, o que é muito bom para mim.
Graças a Deus, o culto acaba, corro para o carro, quero me arrumar bem bonita para ir à matinê. Uma jovem me chama:
– Clara, vem hoje participar dos jovens! Vai ser muito bacana!
Ai, meu Deus, essa menina de novo no meu pé...
– Oi, Dália! Tudo bem? Sim, eu venho, claro que venho! Vou pedir para minha mãe me trazer.
– Não precisa, não. A gente passa na sua casa e traz você.
Que menina chata, não sai do meu pé! Se ela passar em casa, não vou poder ir à matinê.
– Olha, vou almoçar na minha vó e depois minha mãe me traz!
Uma mentirinha não tem problema, Deus entende...
1ª de um total de 25 crônicas.
Continua na próxima edição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário