Lembro que quando eu e meus irmãos éramos pequenos, passávamos fome e pedíamos comida na rua, e num dia que eu fui buscar alimento num local que fazia doações, eu a vi sentada na calçada totalmente embriagada, não conseguia nem se levantar. Quando vi aquilo fiquei triste e ao mesmo tempo revoltado. Me perguntava porque aquilo acontecia, mas ao mesmo tempo, tinha curiosidade de experimentar.
Com cerca de 7 anos, na virada do ano, pedi para que minha mãe deixasse eu experimentar vinho. De tanto eu pedir, ela deixou. Fiquei tonto na hora, mas gostei muito da sensação. Minha mãe escondia pinga, cerveja e outras bebidas em casa, eu descobri e a partir daí comecei a beber escondido.
Depois, com 11 anos, por influência da família e dos amigos, conheci a maconha e comecei a usar com frequência, pois a “brisa” do álcool já não era o suficiente, queria algo mais forte.
Depois me envolvi com o tráfico de drogas e aí fui só piorando: usei lança-perfume, mesclado (mistura de maconha com crack), mas meu fundo de poço foi com a cocaína. Ela te escravisa, você já acorda pensando em usar, se precisar até rouba pra poder comprar, o que eu fazia com frequência. Eu também tinha um grupo de rap e a droga sempre me ajudava a ter inspiração para escrever as letras.
Durante 6 anos consumindo drogas, parei algumas vezes, porque na hora que você usa sente prazer, mas depois você volta pra realidade, fica depressivo e vê que isso só te faz mal. Só que eu não aguentava e acabava usando novamente. E por conta do uso de drogas eu acabei tendo um infarto.
Nesse dia eu usei cocaína, misturei com mesclado, bebida, cigarro, lança-perfume e meu corpo não aguentou tudo isso. Eu quase morri, os médicos disseram que se minha mãe demorasse mais alguns minutos para pedir socorro eu teria morrido. Era pra eu ter morrido naquela noite!
Isso me fez pensar que, se não largasse as drogas, elas iam me matar. Foi difícil parar porque eu tive que me afastar de várias amizades e deixar de frequentar muitos lugares. Eu tive que lutar contra mim mesmo para vencer o vício e contei com a ajuda das boas companhias. Sozinho ninguém consegue sair dessa vida. Hoje não uso mais nada, estou limpo há mais de 5 anos.
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